segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Testamento



 Eu deixo a vida como quem fecha um livro.
Com a poesia das tardes de outono a vestir o chão de douradas folhas.
Deixo aos meus filhos a liberdade das manhãs de setembro,em seu esplendor de flores de acácia e a verde relva a cobrir os campos prateados de orvalho. Na viração da tarde, a brisa suave a brincar com seus cabelos  e a segredar-lhes uma esperança.
Deixo também o inebriante aroma do vinho a seduzir a alma e aquecer o paladar nas frias tardes de inverno,  quando o céu avermelhado parece sangrar a solidão da alma e o vento gelado atravessa a serra e o coração.
Se pudesse deixaria a lua e sua magia, o pôr do sol e sua cores , e os livros de Guimarães Rosa para enfeitar a vida.
Para o João deixaria a música da madrugada que invade a vida e acalma a alma. E para você, Maria, a coragem do sol que se ergue todas as manhãs para iluminar os dias que nunca são iguais.

Gilvânia Souza.

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