segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Era uma menina com um livro na mão




(Texto feito em homenagem ao meu pai)
 
Era uma menina com um livro na mão. As páginas  da vida ainda vazias, pela  mão do destino, um dia a ser escritas. Nenhuma palavra, nenhum verso, risco ou rabisco.
Era uma menina com um livro na mão.
Sozinha entre mangueiras, visitando as veredas do seu  sertão…levando consigo as histórias de Monteiro Lobato que povoavam sua imaginação.  Histórias narradas  ao fim da tarde, pela voz já cansada do seu pai…
 O sol poente deixava suas marcas coloridas no rosto e nas mãos de um singelo camponês, com voz e alma de trovador , apaixonado pela vida e pelos mestres da  Literatura.
Ensinou-me a amar o Amor.
Nas mãos o livro, na alma? A liberdade azul dos  poetas. No fundo,  um baú, desses bem antigos, seculares talvez, nos quais se guardam tesouros, mapas, fórmulas. Lá escondia sonhos. Sonhos de criança a acordar o dia e a reconhecer o cheiro da primavera!
A vida não trouxe castelos medievais, nem príncipes, nem reinos distantes. Povoou  sua história com heróis anônimos,  guerreiros  de versos e cifras pra falar de Amor…a um  mundo que não acredita nele.

Por que era uma menina com um livro com um livro não….

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