Quando eu não mais estiver aqui
Deixo-lhe a minha poesia...
Palavras
Que traduzem a solidão da alma
E a inspiração...
Que é a luz dos meus dias.
Deixo-lhe os sonhos...
Que movem o mundo,
O poema e sua antiga magia...
E as fases da lua
Nesse olhar tão profundo!
O dia em que não mais eu estiver aqui...
Deixo-lhe o pôr-do-sol
E o calor do sertão
E nas noites de luar... Ao pé da fogueira
Uma cabocla a dedilhar um violão!
E sua música invade a noite...
Como as estrelas na imensidão.
Deixo-lhe ainda este cabernet chileno,
Duas taças... E um sonho a mais,
Enquanto o vinho aquecer-lhe a alma
Por amor, tudo será capaz...
E o palor da lua ao embriagar-lhe os olhos
E em seus braços, encontrará a paz!
Enfim,
Deixo-lhe esta rede na varanda
Que nas noites de verão, tanto me acalentou...
Embalou meus sonhos, na eterna ciranda,
E sozinho, meu coração chorou!
Chorou: o silêncio da noite e o encanto da lua
Deixou-lhe minha poesia: eterna herança sua.
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