sexta-feira, 31 de maio de 2013

40º


Vazio na alma
na tarde vazia
devolve-me a calma
o calor do seu corpo
na noite fria...


Poetizara você
nesse entardecer
no cerrado
:encinerado
40º de amor
por décadas guardado
como pétalas
:incolor!





terça-feira, 28 de maio de 2013

Monólogo

Sabe amigo, hoje eu quero falar...
Falar da vida que me cerca...da vida que me leva e da vida que tentam levar de mim!
As janelas se abrem: mas ninguém vê!! Por que o horizonte se projeta inverso a se perder na imensidão azul de minha alma sem fim...!
Em vão, tentam furtar meu sorriso... Ele renasce com o Sol. Será que não perceberam?? Sim! Ele é frágil... às vezes chora, mas entre lágrimas, também se ergue.
Sabe amigo, não entendo essa gente. Meu coração sertanejo, habituado a outros usos, ao sertão, a redomoinhos de agosto a espalhar folhas secas em áridas crenças ... não entende. Como pessoas se alegram em causar tristeza alheia?
Sabe, um poeta sonha...
Um sábio se cala...
Um artista imagina...
Aventureiro? Escala!!!
É noite de lua! O vinho e a vida me chamam! Pertenço ao céu e não a Terra! Faço parte da última quimera..!
Nela existe:
Um Amor pra vida inteira
Música, Pinot, poesia
A estrela derradeira
Escultura nua
de pura magia...!


Semea (dor)

Por entre campos de estrelas e cristalinos girassóis vejo um pequeno semeador ... Cabelos já grisalhos, de olhar tão manso, esquecido nas eras do tempo.
Segue.
Com seu passo lento, no canto etéreo, desse vento lunar...!
A cantiga se espalha, a alma adentra...abre portas e comportas do lembrar.
Traz a saudade
Das manhãs de Setembro ( Ah! Como eu ainda me lembro!!!)
O ipê amarelo... todo florido... Dentre as árvores do cerrado...o mais aparecido!!!! Pedaços coloridos de minha infância feliz..
Meu semeador - num campo de estrelas- semeava a vida: nas sementes escondida! Gestava a esperança: quase proibida, censurada...
: em alguma curva
daquela antiga estrada!


Outono

Era final de outono. Tinha que ser. A estação perfeita! As folhas secas acobreavam o chão, numa mistura viva de cores e restos de vida. A brisa da manhã suave, tocava meu rosto: quase uma prece. Um pedido. Um gesto desesperado pela vida que lentamente morria dentro de mim.
Não havia sonhos, nem sorrisos... nem horizontes. Não havia porquê viver e nem tão pouco porquê morrer. O acordar era um capítulo – em preto e branco- daquela antiga novela que a gente assiste mesmo sabendo tudo que vai acontecer.
Foi assim que eu entrei naquela escola. Numa tarde de sexta-feira. Tudo era ruínas em mim: fazia o que amava, mas não me sentia amada. A alegria das crianças me incomodava, suas cores, suas formas e sons... como podiam ser felizes com tão pouco? Rir... e rir e nem ao menos saber por quê?
Encolhia-me em pensamentos, qual bicho do mato, acoado, sem saber para onde fugir... O coração pulsava forte contra o peito, queria sair, explodir, existir... gritar, revelar-me.
De repente, o sinal! Fim de expediente. Via-me tentando caminhar pelos corredores repletos de alunos sedentos por liberdade, gritando desesperadamente como se saíssem de um presídio, aos empurrões e palavrões: comemoravam o final de semana que chegava. E eu? Comemorar o que? Voltar para casa? Meu mundo sem cores? Povoado de medos e segredos?
E nesse mar de pensamentos, avisto um rosto amigo na sala ao lado: não penso, não páro! Abro os braços num sorriso-abraço como se ganhasse um pedaço do horizonte... ! E assim, meio atrapalhada, eufórica... sem entender a alegria do momento dou as boas-vindas ao colega que trazia primavera no olhar.


CP 155



Tirar de alguém  o que mais se ama
: as cores do pôr do sol
: a paz
: as horas consigo
: o distante farol...

Passei a existência a sua procura... Por ruas escuras, frios becos, alegres manhãs de primaveras e tantas, tantas noites de inverno...
Sonhei você em cada palavra, em cada canção, em cada poema...
me fiz, desfiz e refiz...( pra você) sempre humana e pequena!
Tinha medo de um dia encontrá-lo nas páginas de um livro, na esquina de uma vida, num banco de praça...em vindas e idas – por estradas infindas  e de repente não saber o que fazer....!
Buscava desesperadamente esse Amor... Esperava... Cultivava, com a raridade das orquídeas e a delicadezas dos bonsais.. .Ah! Eu queria encontrá-lo pra toda vida...pra nunca mais...
E chegou!
Era manhã de inverno. Chovia. Fazia tanto frio lá fora! E nevava... Nevava dentro de mim.  Mas  a luz da sua voz aqueceu a sala.... Iluminou meu rosto...agora esfogueado e vida ressurgia – lentamente- a cada palavra. Germinava no sorriso... fecundava o olhar...  Veio a primavera e a brisa com seu toque suave ...  a gestar de cores a existência, outrora preta e branca...em minha volta.
Mas, você era brisa. E como brisa passou! Levou a alegria... O esvoaçar dos cabelos.... As pétalas das rosas desfolhadas.... As folhas rodopiadas no tempo....O meu Amor... por séculos, pra você, guardado! Eu? Fiquei ali, imóvel, sem ação ou reação... vendo o meu Amor partir: levando tudo que era meu – os sonhos de uma existência e a poesia que a vida me deu!



sábado, 4 de maio de 2013

Noite Lilás



Duas horas
de uma madrugada lilás



a cidade dorme
por agora
em paz...




Lá fora...





Pulsa a vida

: escondida
: retraída

- em você-
 reconstruída

Amor eterno
: por toda a vida!



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