Já dizia o velho mestre:
-Sertão é dentro da gente.
É tarde que entristece
É noite que envelhece
É Dia que não acontece!
: é terra esfarelada. É azul-solidão!
- "
O senhor tolere. Isso aqui é Sertão."
É
gente rude - de grandes sonhos-
Trabalho
duro. Olhar tristonho.
Mão
calejada... Pelo Sol, queimada
Mas
a família, por muitas luas, alimentada!
O sertão?
Não é pra bandas dos Gerais
Nem é nos campos de Goiás.
: é dentro da gente. Que não
germina semente
: na aridez da alma e da
mente.
É a falta de sentimento. É a
esperança morta.
O coração que não sonha e
o canto que não brota.
O meu sertão
É silêncio da alma. É a
noite que desce.
É a força da vida, nas mãos
unidas...
Murmurando uma prece.
Em tempos nos quais o interno sertão estiver árido demais - lembre-se: sua vocação é ser vereda, não grande sertão... então, respire e saiba: mesmo ante a sequidão áspera a qual, por vezes, parece se instalar e tornar inóspito o coração... ali logo à frente há um horizonte em construção e à sua espera... para sua plena realização.
ResponderExcluirBeijos!
Ai que lindo! Só você para ler, reler e traduzir Guimarães Rosa com tamanha maestria! Que as veredas do grande sertão refaçam os ilegíveis traços dos caminhos que teimam a sumir sob meus passos cansados...
ResponderExcluirUm beijo carinhoso!
Oi, Gil, bom dia!!
ResponderExcluirA arte de brincar com as palavras é sem dúvida irmã da generosidade de brindar com palavras a quem as lê. Você tem arte e é generosa.
O sertão realidade lá de fora, que faz dos fortes e os bravos seus sobreviventes, não será maior nem mais sertão que os interiores áridos e ávidos de felicidade. Em nós o Universo se reproduz para bem ou para mal. E essa lição torna seu poema maravilhosamente lindo, e ainda embrulhado em uma estética perfeita, como aquele presente que já sabemos lindo antes de abrir.
Ah, quantas vidas não podem mais que tomar a fala de um sertanejo para dizer de si mesmo: "O senhor tolere. Isso aqui é Sertão".
Perfeita.
Um beijo carinhoso
Doces sonhos
Lello
Lello,
ResponderExcluirapaixonada por Guimarães, sertaneja por natureza... aprendi a amar a vida na sua simplicidade. O pôr-do-sol, a rede na varanda, o Amor ao lado para encostar-me em seu peito... É assim que vejo a vida: é assim que a vida deve ser. Simples. Feliz.
Beijos